Do hipermercado surge uma jovem moça. Seus cabelos crespos estão presos por 5 presilhas douradas. Sua pele é morena e seu porte físico almeja a obesidade. Seu rosto apresenta bochechas notavelmente redondas, um nariz de largas aberturas nasais e um perturbador rastro de bigode. Sua testa se esparrama por seu semblante, refletindo a iluminação local, com pequenas cicatrizes sebáceas. Em suas orelhas, pequenos e brilhantes brincos. Veste um tomara-que-caia rosa e uma calça de lycra preta e desbotada, ambos não favorecendo seus dotes. Calça sandálias que um dia já foram brancas. Ela carrega um bebê em seus braços. Ao sentar-se em uma cadeira, começa a amamentá-lo. O bebê responde bem ao estímulo alimentar. Neste processo, ela se balança em um vai-e-vem incessante. Está pensativa. Observa com cautela o movimento de pessoas próximo às escadas rolantes. Em seu corpo, marcas de biquíni desgastadas. As unhas de suas mãos e de seus pés estão para se fazer. Em um dos seus dedos, um possível anel de compromisso. Haveria um pai para essa criança? Seus braços são fortes, robustos. O direito apresenta a tradicional marca de vacina. Após o bebê terminar sua refeição, se aproxima dele, bocejando, inclina-se de forma pouco saudável à sua coluna, e brinca com sua diminuta mão. Seu pescoço se enruga. Pega o pano encardido de seu filho e limpa sua boca. Seu braço se mexeu. Não era um anel de compromisso. Em um instante, arruma suas coisas e se apronta para ir embora. Ao levantar-se, um grande traseiro se revela, e ela abandona o recinto.
Trabalho para a faculdade que achei interessante compartilhar. A idéia do professor é descrever uma pessoa que você nunca viu na vida, dentro de um ambiente fechado. Juntamente com a descrição deste anônimo, deveríamos descrever também o local, a cena, propriamente dita.