...vai, mais rápido, apoteose da civilização.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

So long... and thanks for the crutches

just enough freedom to forget you’re a slave,
just enough anger to make sure we get paid
easy does it baby don’t lose your head — cause we both know
that ideals don’t sell come now pass us the saccharin
part 1 then part 2 who knew you had it so easy
hit it hit it we’ll go straight to the top
it's all a matter of whose cock you suck
we got the money hey come on lets go ha!
you know you want it hey!
you know you want it (well c’mon)
shake it like a rebel just don’t cross any lines
cause family god and country are back in style
sex drugs and politics are fine — just remember
that we own you, we bought you, and we’ll sell you whenever we want to
we brake your legs and you will thank us for the crutches
we wanna fuck but we end up kissing
is this still rock cause the danger is missing
you gotta feed it gotta feed your addiction
so pack a lunch for the next crucifixion
you wanna feel the applause?
you wanna win at all cost?
well you better learn to play nice and eat shit like a dog!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Ignorance spare us the pain?

Júlia tampouco tinha interesse pelas ramificações da doutrina do Partido. Sempre que ele começava a falar dos princípios do Ingsoc, duplipensar, a mutabilidade do passado e a negação da realidade objetiva, e a usar palavras da Novilíngua, ela ficava aborrecida, confusa, e dizia não ter jamais prestado atenção a esse tipo de coisa. Sabia que era tudo lixo, portanto para que se preocupar com isso? Sabia quando aplaudir e quando vaiar, e era toda a ciência de que precisava. Quando ele persistia em falar de tais assuntos, Júlia tinha o hábito desconcertante de adormecer. Era uma dessas pessoas que podem adormecer a qualquer momento, em qualquer posição. Falando com ela, Winston percebeu como era fácil aparentar ortodoxia, sem ter a menor noção do que fosse ortodoxia. De certo modo, o ponto de vista do Partido se impunha com mais êxito às pessoas incapazes de compreendê-lo. Aceitavam as mais flagrantes violações da realidade porque jamais percebiam inteiramente a enormidade do que se lhes exigia, e não estavam suficientemente interessadas para observar o que acontecia. Graças à falta de compreensão, permaneciam sãs de juízo. Apenas engoliam tudo, e o que engoliam não lhes fazia mal, porque não deixava resíduo, do mesmo modo que um grão de milho passa, sem ser digerido, pelo corpo de uma ave.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Discursos e suas repercussões

Chegou o momento de voltar a escrever. Enquanto não recupero o fio da meada, preencho esse pequeno espaço virtual com um trabalho do ano passado, época na qual a universidade preenchia minha atenção.



A base do discurso articulado reside na população. A partir da coleta de diversas fontes, um autor lapida um assunto e elabora uma teoria, devolvendo-a após para o seu meio original. Essa transição de um discurso ingênuo, popular, para um discurso formalizado e, logo em seguida, seu retorno à sociedade, pode ser abordada e exemplificada de diversas formas.
O fato de uma pessoa possuir a sensibilidade necessária para abstrair da sociedade algum aspecto relevante a estudos não o faz necessariamente mais inteligente que o resto da população. A palavra certa para definir a qualidade deste indivíduo talvez seja perspicácia. Na verdade, aquilo abstraído já fazia parte da consciência de alguma parcela da sociedade. Ao captar aquele assunto, comum a alguns e novidade a outros, o autor apenas formaliza tal idéia. Esse processo de apuração, desenvolvimento e devolução à sociedade é caracterizado como a legitimação do discurso, o aval do qual a parcela da população que desconhecia um aspecto em particular necessitava para conhecê-lo e, assim, aceitá-lo ou não.
É possível exemplificar tal acontecimento a partir das propagandas políticas que ocorrem de 2 em 2 anos aqui no Brasil. Muitas pessoas não se simpatizam com as idéias e propostas de José Serra, por exemplo. A partir da inclusão da atriz global Regina Duarte durante o tempo de Serra na televisão, no entanto, a situação tende a mudar. A atriz exercita o discurso pró-Serra e anti-Lula, defendendo o candidato do PSDB e acusando o do PT, além de proferir a célebre frase "eu tenho medo", referindo-se a um possível destino apocalíptico que o país enfrentaria caso Serra não fosse eleito. Essa aparição da atriz, dona de respeito perante a sociedade, legitima o discurso pró-Serra, possivelmente trazendo mais eleitores para seu lado. É como um selo do Inmetro, assegurando que aquele produto pode ser utilizado por crianças pequenas sem problema algum. Isso demonstra a possível manutenção da opinião popular por meio de figuras carimbadas, sejam elas do mundo artístico ou de qualquer outro universo de grande apelo.
Outro bom exemplo deste movimento de ir e vir do discurso é o próprio hype. O hype se caracteriza pela vanguarda da moda, a origem de uma tendência que ao fim de um processo irá se popularizar. É comum enxergarmos diversas novidades pouco exploradas envolvendo vestimentas, acessórios, tendências musicais, etc. Assim sendo, tomemos como exemplo um hipotético falatório sobre o uso de tênis rosa em Tóquio, no Japão. Um grupo de artistas passa a usar calçados dessa cor pois ela transmite um dos diversos aspectos de seus trabalhos. Os fãs desse grupo, como todo bom fã, tendem a imitar seus ídolos, e também começam a usar o tal do tênis rosa. Ainda assim, uma parcela ínfima da populaçao tem conhecimento desse burburinho. Em um outro dia, a Nike toma ciência dessa tendência e, no mês seguinte, lança uma campanha publicitária com o seguinte mote: "Nike Pink 2000, apenas use". A partir disso, o hype do tênis rosa passa a ser uma moda, agora representada por um órgão legitimador de opiniões, no caso a Nike.
Não obstante, é possível falar também de inúmeros movimentos sócio-culturais e seus desdobramentos. Vemos cada vez mais alguns autores considerados subversivos e atípicos, que causavam estranheza à maioria da população, sendo massificados e absorvidos pelo senso comum, como são os casos de Charlie Bukowski e Nelson Rodrigues. O punk e o emo também são bons exemplos de como um movimento/tendência pode alcançar proporções inimagináveis. Sendo o punk a princípio um movimento social com repercussão musical, é possível dizer que ele teve seu ideal diluído em prol da manutenção de uma estética: o moicano, o jeans rasgado, a atitude "do it yourself". Já o emo, um estilo musical derivado do hardcore, foi massificado e associado à pessoas com franjas no rosto, à choro pelos cantos e à toda uma vestimenta padrão. Esses são casos em que há a apuração de um acontecimento, o desenvolvimento de toda uma idéia em cima dele e, então, sua devolução para o lugar da onde veio, com toda essa carga massificante por detrás. Cabe então aos poucos que já tinham ciência de tais nichos, defenderem sua autenticidade perante essa onda de diluições e deturpações, mantendo ao menos uma parcela do que aquilo já foi um dia.